O IPR E SEU IMPACTO NA ESTÉTICA DO SORRISO

Programa de pós-graduação em Odontologia da PUC Minas (PPGO PUC Minas)  

Víctor Lopes Soares (1)

Igor Camargos Duarte (2)

Izabella Lucas de Abreu Lima (3) 

(1) Aluno do curso de Mestrado Profissional em Ortodontia – PPGO PUC Minas 

(2) Aluna do curso de Graduação em Odontologia – PUC Minas 

(3) Docente do PPGO PUC Minas 

 O IPR (Interproximal Removal), é uma técnica amplamente utilizada na ortodontia, podendo ser indicada em tratamentos tanto com aparelhos fixos, quanto com alinhadores dentários. Esse procedimento consiste na redução das superfícies proximais dos dentes, por meio de brocas ou lixas, com o objetivo de formar pequenos diastemas, criando espaço para movimentação dentária. Esse recurso é muito utilizado para corrigir apinhamentos leves, principalmente na região de incisivos inferiores (CHUDASAMA, 2007).

Para a realização dessa técnica deve-se analisar a severidade do apinhamento com base na discrepância negativa de espaço no arco e diagnóstico clínico intraoral, a fim de determinar a quantidade necessária de desgaste para a correção. A utilização de radiografias para a avaliação da espessura de esmalte presente é também um fator preponderante para determinar a quantidade de esmalte que poderá ser removido sem causar danos ao paciente (LIVAS, 2013).

Antes de utilizar a técnica recomenda-se a finalização das fases de alinhamento e nivelamento dentário com o objetivo de corrigir as rotações e mal posicionamentos a fim de estabelecer pontos de contato adequados. Para se ter uma melhor visualização do campo durante o procedimento e um acesso mecânico adequado, são indicados o uso de molas helicoidais, separadores ou cunhas de madeira. A proteção dos tecidos interdentais durante o procedimento pode ser feita com o uso de um fio chamado indicator wire que por conta da sua higidez protege o tecido mole de tira (colocando entre a broca e o tecido evita-se possíveis lacerações). Essa proteção é muito importante para os pacientes mais jovens, pois as regiões interdentais são totalmente preenchidas pelos tecidos (CHUDASAMA, 2007).

A redução do esmalte mésio-distal pode ser realizada por métodos manuais ou mecânicos. Não se recomenda a utilização de tiras abrasivas manuais antes de se realizar o alinhamento dos dentes por ser um processo demorado, pouco aplicável aos dentes posteriores e por produzir sulcos residuais irreversíveis nas superfícies tratadas. Atualmente, as tiras manuais são empregadas apenas em casos menores de remoção de esmalte (0,2 e 0,3 mm) e como procedimento inicial ou final de acabamento para manter a anatomia dentária (LIVAS, 2013). Outras alternativas para a redução são brocas com ponta diamantada, discos diamantados ou discos de segmento adaptados a um contra ângulo com movimento de oscilação. O ortodontista deve ser conservador ao iniciar os procedimentos de remoção, sendo a quantidade de esmalte máxima que poderá ser removida é de aproximadamente 1mm (0,5 mm por superfície proximal), variando de acordo com a anatomia e espessura individual do dente e paciente (CHUDASAMA, 2007).

Com o objetivo de realizar o polimento das regiões interproximais, é recomendável utilizar uma ponta diamantada triangular em forma de cone, juntamente com discos de areia fina e tiras de lixa diamantada. É importante arredondar as regiões interproximais para garantir uma morfologia adequada e evitar pontos de contato pontiagudos. Além disso, as paredes proximais devem ser contornadas para apresentar uma textura adequada e garantir que os dentes se movam de forma suave e natural durante o tratamento. O polimento deve ser realizado com cuidado para evitar o excesso de remoção de esmalte e danificar a saúde dental (LIVAS, 2013).

Para obter um melhor controle e evitar desgaste em excesso, é recomendável que as reduções interproximais sejam realizadas de forma sequencial, trabalhando dos dentes posteriores para os anteriores, nos segmentos vestibulares e movendo os dentes distalmente. Em vez de realizar todas as reduções em uma única consulta, o mais recomendável é consolidar o espaço e repetir a sequência de reduções nas visitas subsequentes até que haja espaço suficiente para resolver o problema. Dessa forma, é possível controlar a quantidade de espaço criado a cada visita e minimizar o risco de remover excesso de esmalte interdental (CHUDASAMA, 2007).

            O IPR é recomendado em várias situações em que é necessário criar espaço entre os dentes. As principais indicações incluem a correção de apinhamento dental, discrepâncias de tamanho que possam afetar a aparência estética do sorriso, a prevenção de recidivas após tratamento ortodôntico, eliminação do triangulo negro (black space[UdMO1] ) e redução do perímetro do arco. Com o IPR, é possível alcançar resultados estéticos e funcionais satisfatórios, contribuindo para a saúde bucal e o bem-estar dos pacientes (LIVAS, 2013).

            Existem algumas situações em que o IPR é contraindicado. Nos casos de pacientes que apresentem hipersensibilidade dentária ou dentes muito pequenos sem suas superfícies dentárias integras e espessas o suficiente, o desgaste não pode ser realizado, com o risco prejudicar a harmonia entre os dentes, sua estética e estrutura. Além disso, o IPR pode afetar a função dos dentes, como a mastigação e a fala. Também é importante destacar que a técnica de redução interproximal pode não ser indicada para pacientes que apresentam um alto grau de apinhamento dentário, uma vez que o desgaste necessário para corrigir o problema seria excessivo e poderia comprometer a estrutura dos dentes. É importante ressaltar, no entanto, que o IPR pode ser utilizada como uma ferramenta ou aliado para auxiliar na solução desses casos mais complexos, porém, é preciso que seja realizada com critério e planejamento adequados para minimizar eventuais riscos de danos aos dentes e garantir o sucesso do tratamento (LIVAS, 2013).

De acordo com a literatura disponível, a técnica de redução interproximal do esmalte é considerada uma modalidade terapêutica eficaz na conduta ortodontôntica. Quando realizada adequadamente e em circunstâncias específicas, essa técnica pode ajudar a alcançar os objetivos do tratamento sem comprometer a integridade dos tecidos dentários e periodontais. Além disso, ortodontista deve avaliar cada caso individualmente e considerar as necessidades específicas do paciente antes de optar pela técnica de redução interproximal do esmalte. Dessa forma, é possível utilizar o IPR como uma ferramenta valiosa no tratamento ortodôntico, desde que seja realizada com cautela e dentro de um contexto clínico bem estabelecido.   

REFERÊNCIAS 

LIVAS, Christos; JONGSMA, Albert Cornelis; REN, Yijin. Enamel reduction techniques in orthodontics: a literature review. The open dentistry journal, v. 7, p. 146, 2013. 

CHUDASAMA, Dipak; SHERIDAN, John J. Guidelines for contemporary air-rotor stripping. Journal of Clinical Orthodontics, v. 41, n. 6, p. 315, 2007. 

ZHONG, Mei et al. Clinical evaluation of a new technique for interdental enamel reduction. Journal of Orofacial Orthopedics/Fortschritte der Kieferorthopädie, v. 61, p. 432-439, 2000. 

UTILIZAÇÃO DO MÉTODO DE TANAKA E JOHNSTON PARA A PREDIÇÃO DE TAMANHO DE DENTES PERMANENTES NÃO ERUPCIONADOS.

Programa de Pós-graduação em Odontologia da PUC Minas

(PPGO PUC Minas)

Clara Sette Câmara Calixto1

Júlia Franzot Castilho1

Yasmin Almeida Marchesotti Lara2

Flávio Ricardo Manzi3

Diogo de Azevedo Miranda3

Izabella Lucas de Abreu Lima3

¹ Aluna do curso de Mestrado Profissional em Ortodontia – PPGO PUC Minas

2Aluna do curso de Graduação em Odontologia – PUC Minas

³Docente do PPGO PUC Minas

Uma importante ferramenta utilizada para determinação de diagnóstico e para se alcançar o planejamento ideal é a análise de modelos (HAMBIRE, C.U., et al, 2015). Ela pode auxiliar na prevenção e intervenções de problemas ou fornecer condições mais favoráveis para futuras correções. Os modelos de estudo, além de fornecerem informações como más posições dentárias, apinhamentos, relação molar, classificação de Angle, formato das arcadas, diastemas, sobressaliência, sobremordida e assimetrias, possibilita a execução de análises detalhadas da oclusão (NUVVULA, S., et al., 2016).

Existem diversas possibilidades de se utilizar modelos associados a distintas análises e fases do desenvolvimento da dentadura. As análises de dentadura mista, são obtidas a partir das distâncias mésio-distais de grupos de dentes e têm como principal objetivo permitir a avaliação da diferença entre a largura mésio-distal dos caninos e molares decíduos, e os caninos permanentes e pré-molares (NUVVULA, S., et al., 2016). Sendo assim, com base na diferença entre o tamanho dos dentes decíduos e permanentes é possível estimar se haverá ou não espaço para a correta acomodação dos dentes permanentes na região mesial ao primeiro molar permanente. Essas análises possibilitam a realização de um bom planejamento e a execução de uma abordagem preventiva e/ou interceptativa, conforme necessário (NUVVULA, S., et al., 2016).

Essa análise é um critério importante para determinar se o plano de tratamento ortodôntico envolverá extrações, manutenção de espaço, ganho de espaço ou apenas o monitoramento da oclusão e acompanhamento periódico do paciente (HAMBIRE, C.U., et al, 2015).

Entre os métodos aplicados na análise de espaço, a equação de Tanaka e Johnston é amplamente utilizada, por demonstrar uma boa confiabilidade, simplicidade e rápida utilização (HAMBIRE, C.U., et al, 2015). É realizada a partir da correlação dos diâmetros mésio-distais das coroas dos incisivos inferiores permanentes irrompidos como preditor para estimar o tamanho dos caninos e pré-molares não irrompidos, tanto no arco inferior quanto no arco superior (THIMMEGOWDA, U., et al., 2017).

O estudo é feito a partir da obtenção de um modelo de gesso de cada indivíduo e em seguida, são realizadas medidas da mesial do primeiro molar permanente à mesial do canino decíduo em ambas hemi-arcadas do arco inferior e do arco superior, e do diâmetro mésio-distal dos incisivos inferiores permanentes (THIMMEGOWDA, U., et al., 2017). Essas medidas são obtidas com o auxílio de um compasso de ponta seca ou paquímetro: posiciona-se as pontas do instrumento na base óssea do modelo e verifica-se o tamanho do espaço com o auxílio de uma régua (WHITE, L. M., et al., 2021) (Figura 1).

Figura 1: Compasso de ponta seca.

DESCRIÇÃO DO MÉTODO DE TANAKA E JOHNSTON

Essa análise é dividida em 3 momentos:1. Cálculo do espaço presente (EP): Espaço que está disponível para a irrupção dos dentes. É o perímetro ósseo medido da mesial do canino decíduo à mesial do 1º molar permanente de ambas hemi-arcadas; e da mesial do canino decíduo à mesial de canino decíduo homólogo. Esta medida dos dentes anteriores deve ser feita em partes para respeitar a curvatura presente na base óssea (Figura 2 e 4).

2. Cálculo do espaço requerido (ER): É o espaço necessário para a irrupção dos dentes. É a soma do diâmetro mésio distal dos 4 incisivos inferiores permanentes (Figura 3 e 5).

3. Cálculo da discrepância de modelo (DM): Permite precisão do espaço no arco para o correto alinhamento dos dentes. É o resultado da subtração entre espaço requerido e o espaço presente, portando DM = EP-ER.

Fórmula da análise de Tanaka e Johnston:

ER= ∑ 4 INCISIVOS ↓ ÷ 2 + 10,5

(É a soma dos 4 incisivos inferiores divido por 2, mais 10,5 – para mandíbula).

ER= 24 ÷ 2 + 10,5 = 22,5

Com base na análise e no resultado da discrepância de modelo, que foi igual a zero, conclui-se que no arco dental inferior, tem-se o espaço exato para a irrupção de caninos e pré-molares permanentes.

A detecção indevida da falta de espaço pode causar uma série de consequências, como decisões terapêuticas incorretas e irreversíveis (THIMMEGOWDA, U., et al., 2017). Dessa forma, o método de Tanaka e Johnston têm se mostrado eficaz para predizer a soma dos diâmetros mésio-distais de caninos e pré-molares e de acordo com a literatura, sua aplicabilidade na análise de modelos da dentição mista trouxe resultados altamente significativos (WHITE, L. M., et al., 2021).

REFERÊNCIAS

HAMBIRE, C.U., et al. Evaluation of validity of Tanaka-Johnston analysis in Mumbai school children. Contemporary clinical dentistry vol. 6,3 (2015): 337-40.

NUVVULA, S., et al. Primary Dentition Analysis: Exploring a Hidden Approach. International journal of clinical pediatric dentistry vol. 9,1 (2016): 1-4.

THIMMEGOWDA, U., et al. Applicability of Tanaka Jhonston Method and Prediction of Mesiodistal Width of Canines and Premolars in Children. Journal of clinical and diagnostic research: JCDR vol. 11,6 (2017): ZC16-ZC19.

WHITE, L. M., et al. Accuracy of Model Estimation versus Tanaka and Johnston Arch Length Analysis. The Journal of clinical pediatric dentistry vol. 45,1 (2021): 54-57.

SUPERPOSIÇÃO CEFALOMÉTRICA E SUA IMPORTÂNCIA PARA A ORTODONTIA

Programa de Pós-graduação em Odontologia da PUC Minas (PPGO PUC Minas) 

Clara Sette Câmara Calixto¹

Wendel Yann Costa Alves²

Diogo de Azevedo Miranda³

Flávio Ricardo Manzi³

Izabella Lucas de Abreu Lima³

¹Aluna do curso de Mestrado Profissional em Ortodontia – PPGO PUC Minas

2Aluno do Curso Graduação do Departamento de Odontologia da PUC Minas

3Docente do PPGO PUC Minas

A superposição cefalométrica é uma ferramenta de comparação útil para os ortodontistas observarem as mudanças ocorridas em um paciente ao longo do tempo. É considerado um método eficiente para determinar alterações provenientes de crescimento e desenvolvimento e possibilitar análise de modificações resultantes do tratamento ortodôntico (JACOBSON, A.; SADOWSKY, P. L., 1995).

Fonte: GIUDICE, A,L; et al. The Evolution of the Cephalometric Superimposition Techniques from the Beginning to the Digital Era: A Brief Descriptive Review. International Journal of Dentistry. 2021, vol. 2021, 7 pages, Article ID 6677133

A partir de telerradiografias laterais de um mesmo indivíduo, realizadas em momentos distintos, são obtidos os traçados sequenciais, e estes traçados são comumente superpostos tendo como referência a base do crânio, maxila e mandíbula (JACOBSON, A.; SADOWSKY, P. L., 1995). Essas estruturas são consideradas estáveis e de contorno anatômico bem definido e delimitado, possibilitando a realização de superposições totais ou parciais, conforme o objetivo da análise do profissional (ZAMPIERI, R. F; et al., 2005).

Ao realizar uma superposição total, é possível avaliar os movimentos dentários em ambas as bases ósseas, a direção e quantidade de crescimento do complexo craniofacial e as mudanças decorrentes do tratamento ortodôntico (ZAMPIERI, R. F; et al., 2005). As superposições parciais irão nos permitir a análise da movimentação dentária e da direção de crescimento exclusivos da maxila ou da mandíbula, dependendo da referência estável utilizada pelo profissional no momento da superposição (JACOBSON, A.; SADOWSKY, P. L., 1995).

Dentre diversas regiões aptas a serem superpostas, algumas são de fácil localização radiográfica e por isso são frequentemente utilizadas pelos profissionais (JACOBSON, A.; SADOWSKY, P. L., 1995). Na base do crânio, a superposição com registro no ponto Sela (S) e a linha que passa pelos pontos Sela e Násio (S-Na) é a mais utilizada (AMERICAN BOARD OF ORTHODONTICS. ABO, 2022) (FIGURA 1).

FIGURA 1. Linha S-Na 

Na maxila, a estrutura comumente utilizada é o plano palatino. Este plano tem início na espinha nasal anterior (ENA) e segue até a espinha nasal posterior (ENP) com ponto registrado em ENA (AMERICAN BOARD OF ORTHODONTICS. ABO, 2022) (FIGURA 2).

FIGURA 2. Plano palatino 

Na mandíbula, as estruturas mais utilizadas para superposição são a borda inferior da mandíbula, parede anterior da sínfise mandibular, contorno interior da cortical da sínfise mandibular em seu ponto mais inferior, contorno do canal mandibular e contorno inferior do germe dentário do terceiro molar inferior antes do desenvolvimento da raiz (AMERICAN BOARD OF ORTHODONTICS. ABO, 2022) (FIGURA 3).

FIGURA 3. Superposição mandibular

É importante ressaltar que o crescimento mandibular ocorre nos côndilos, portanto nunca devemos realizar a superposição radiográfica nesta região (AMERICAN BOARD OF ORTHODONTICS. ABO, 2022).

Existem algumas limitações para as superposições, dentre elas, alterações tridimensionais que eventualmente serão mensuradas bidimensionalmente, erros no posicionamento da cabeça do paciente no momento da aquisição da telerradiografia lateral, radiografias sequenciais não padronizadas e dificuldade de localização de pontos/estruturas anatômicas no exame radiográfico (ZAMPIERI, R. F; et al., 2005). No futuro, provavelmente haverá a implementação de tecnologia tridimensional computadorizada como recurso para estudos nesta área (GIUDICE, A,L; et al.,2021).

Embora nenhuma das posições superpostas do traçado cefalométrico seja completamente precisa, elas permitem uma avaliação geral de mudança decorrente do crescimento e/ou tratamento (JACOBSON, A.; SADOWSKY, P. L., 1995).  A confiabilidade e a reprodutibilidade são aspectos importantes a serem considerados durante a escolha da superposição: estruturas estáveis e de fácil identificação se tornam confiáveis. (GIUDICE, A,L; et al.,2021).

REFERÊNCIAS 

  1. AMERICAN BOARD OF ORTHODONTICS. ABO: American Board of Orthodontics, 2022. Página inicial. Disponível em: <https://www.americanboardortho.com&gt;. Acesso em: 29 de set. de 2022
  2. GIUDICE, A,L; et al. The Evolution of the Cephalometric Superimposition Techniques from the Beginning to the Digital Era: A Brief Descriptive Review. International Journal of Dentistry. 2021, vol. 2021, 7 pages, Article ID 6677133.
  3. JACOBSON, A.; SADOWSKY, P. L. Superimposition of cephalometric radiographs. In: JACOBSON, A. Radiographic cephalometry: from basics to videoimaging. Chicago: Quintessence, 1995. cap. 12, p. 165-173. 
  4. ZAMPIERI, R. F; et al. Estudo comparativo entre técnicas de superposições cefalométricas totais. Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial. 2005, v. 10, n. 6, pp. 141-156. 

BENEFÍCIO ANTECIPADO NA ORTODONTIA

Programa de pós-graduação em Odontologia da PUC Minas (PPGO PUC Minas) 

Víctor Lopes Soares (1)

Ana Luiza de Oliveira Silva (2)

Diogo de Azevedo Miranda (3)

Flávio Ricardo Manzi (3)

Izabella Lucas de Abreu Lima (3)

(1) Aluno do curso de Mestrado Profissional em Ortodontia – PPGO PUC Minas

(2) Aluna do curso de Graduação em Odontologia – PUC Minas

(3) Docente do PPGO PUC Minas

Tradicionalmente, tratamentos orto-cirúrgicos são conduzidos em três etapas principais: preparo ortodôntico anterior à cirurgia, visando reduzir o mal posicionamento dental e proporcionar uma intercuspidação satisfatória para a cirurgia; cirurgia ortognática a fim de corrigir as discrepâncias esqueléticas individuais do paciente, e, por último, finalização ortodôntica incluindo movimentações dentárias que auxiliam na obtenção das chaves de oclusão que caracterizam o tratamento ortodôntico ideal (FABER, 2010).

FIGURA 1: Antes e depois cirurgia ortognática.
FONTE: https://stock.adobe.com/br/search?k=cirurgia+ortogn%C3%A1tica&search_type=recentsearch

A CBA é uma técnica que envolve a antecipação da fase cirúrgica para antes da fase inicial clássica, corrigindo precocemente discrepâncias ósseas e trazendo os benefícios como, melhora facial, de forma mais imediata (NAGASAKA, 2009).

A técnica preconiza a criação de um ambiente mais favorável para a movimentação dentária, a partir da cirurgia, permitindo que o ortodontista possa alcançar resultados mais eficientes com suas movimentações. Ela é indicada em casos de discrepâncias esqueléticas maxilares, mandibulares ou maxilomandibulares leves, podendo estar associadas a problemas como mordida aberta, mordida cruzada e sobressalência excessiva (FABER, 2010). Sendo assim, a CBA tem como objetivo prevenir o agravamento gradual da aparência facial, em decorrência da descompensação ortodôntica pré-cirúrgica, melhorando significativamente a estética facial imediata e trazendo grande benefício para a autoestima e a qualidade de vida do paciente. Além disso, a CBA pode reduzir a duração de todo o processo., uma vez que a correção das deformidades esqueléticas facilita a movimentação dos dentes e reduz a necessidade de ajustes ortodônticos (URIBE et al., 2015).

Diante dos grandes desafios presentes no tratamento orto-cirúrgico tradicional, para o ortodontista, a CBA representa uma técnica importante na redução do tempo total de tratamento e na melhora imediata na estética facial. (SAKTHI et al., 2015).Além disso, essa técnica está associada à diminuição dos riscos de complicações associadas às deformidades esqueléticas e possui um impacto positivo na qualidade de vida do paciente sendo, portanto, uma alternativa a ser considerada no tratamento de pacientes que procuram uma solução eficaz e eficiente para seus problemas de deformidade esquelética e estética facial. (JAMILIAN; DARNAHAL; PERILLO, 2015)

REFERÊNCIAS  

DE SANTANA, Ana Vitória Martins et al.  A realização da cirurgia ortognática antes e após o tratamento ortodôntico: Revisão de literatura. Revista Ciências e Odontologia, v. 7, n. 1, p. 70-80, 2023. Disponível em: http://revistas.icesp.br/index.php/RCO/article/view/2868

FABER, Jorge. Benefício Antecipado: uma nova abordagem para o tratamento com cirurgia ortognática que elimina o preparo ortodôntico convencional. Dental Press Journal of Orthodontics, v. 15, no. 1, p. 144-157, Jan./Feb. 2010.

HERNANDEZ-ALFARO, Frederico et al. Surgery First in Orthognathic Surgery: What Have We Learned? A Comprehensive Workflow Based on 45 Consecutive Cases. American Association of Oral and Maxillofacial Surgeons, v.72, p. 376-390, Aug. 2013. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1016/j.joms.2013.08.013

JAMILIAN, Abdolreza; DARNAHAL, Alireza; PERILLO, Letizia. Orthodontic Preparation for Orthognathic Surgery. A Textbook of Advanced Oral and Maxillofacial Surgery, v.2, p. 105-118, Apr.2015. Disponível em: http://dx.doi.org/10.5772/58957

MCCOLLUM, A.G.H. et al. An alternative for the correction of the Class II low mandibular plane angle. Oral Surg Med Oral Pathol, v.67, no.3, p. 231-241, Mar. 1989.

NAGASAKA, Hiroshi et al. “Surgery First” Skeletal Class III Correction Using the Skeletal Anchorage System. Journal of clinical orthodontics, v. 43, no. 2, p. 97-105, Feb.2009.

SAKTHI, Vijayashri et al. Anticipated Benefit of “Surgery First: Approach- A Clinical Case Report. Biomed. & Pharmacol. J., v. 8, p. 641-645, Oct. 2015. Disponível em: Anticipated Benefit of “Surgery First” Approach- A Clinical Case Report | Biomedical and Pharmacology Journal (biomedpharmajournal.org)

TURNBULL, N.R.; BATTAGEL, J.M. The Effects of Orthognathic Surgery on Pharyngeal Airway Dimensios and Quality of Sleep. Jornal of Orthodontics, v. 27, no. 3, p. 235-247, Sept. 2000.

URIBE, Flavio; FARRELL, Brian. Surgery-First Approach in the Orthognathic Patient. Oral Maxillofacial Surg Clinics of North America, v. 32, p. 89-103, Feb. 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.coms.2019.08.009

CEFALOMETRIA: o que é e para que serve?

Programa de Pós-graduação em Odontologia da PUC Minas (PPGO PUC Minas)

Júlia Franzot Castilho (1)

Víctor Lopes Soares (1)

Flávio Ricardo Manzi (2)

Diogo de Azevedo Miranda (2)

Izabella Lucas de Abreu Lima (2)

(1) Aluna do curso de Mestrado Profissional em Ortodontia – PPGO PUC Minas

(2) Docente do PPGO PUC Minas

O estudo da cefalometria começou no século XIX, por meio da antropometria, quando antropólogos utilizaram medidas de crânios humanos fossilizados como método comparativo entre eles (BAUMRIND, S; FRANTZ, R.C., 1971). Em 1931, logo após a descoberta do Raio X, Herbert Hofrath, na Alemanha e B. Holly Broadbent, nos Estados Unidos, desenvolveram, simultaneamente, o cefalostato, um dispositivo utilizado para padronizar o posicionamento do paciente no momento da obtenção da telerradiografia lateral, radiografia utilizada para obtenção do cefalograma (desenho anatômico com as principais estruturas esqueléticas, dentárias e tegumentares do crânio) (JACOBSON, A., 1995). A partir dessa padronização, medidas angulares e lineares passaram a ser utilizadas para a análise cefalométrica (PETER, J., et al., 2007).

Essa análise é essencialmente um sistema de medidas desenvolvido para descrever as relações entre bases ósseas, dentes e tecidos moles do complexo craniofacial (PETER, J., et al., 2007). Sendo assim, a cefalometria tornou-se uma ferramenta útil de diagnóstico, auxiliando análises de crescimento, determinação de planos de tratamento e a avaliação de resultados terapêuticos na Odontologia (JACOBSON, A., 1995).

Diversas análises cefalométricas foram sugeridas desde o início do uso do cefalostato, dentre elas, as cefalometrias propostas por Tweed, Steiner, Downs, Sassouni, McNamara (GANDINI, L.G., et al., 2005). A existência de análises cefalométricas distintas é justificada pelo fato de cada uma delas enfatizar características específicas, como por exemplo, as análises de McNamara e de Ricketts, que tem um foco maior em bases ósseas e Steiner que considera o posicionamento mais preciso dos tecidos tegumentares da face (GANDINI, L.G., et al., 2005). Sendo assim, até o presente momento, não existe análises cefalométricas que possam ser consideradas como completas e ideais, sendo elas complementares e aplicadas conforme necessidade e experiências do ortodontista (PETER, J., et al., 2007).

FIGURA 1 – telerradiografia em norma lateral

FIGURA 2 E 3 – Analise de Steiner e Sassouni (respectivamente) sobre a cefalometria acima.

Não obstante, a cefalometria continua sendo um importante exame complementar bastante utilizado na ortodontia, uma vez que fornece importantes informações a respeito das relações sagitais, transversais e verticais de cada paciente (FILHO, M.V., et al., 2002). Dessa forma, possibilita a realização de um planejamento ortodôntico completo e acompanhamento do crescimento e da evolução dos tratamentos (PETER, J., et al., 2007). Além de possibilitar a realização de sobreposições de traçados cefalométricos seriados de cada paciente (JACOBSON, A., 1995).

No entanto, análises cefalométricas não possibilitam que sejam dispensadas as demais análises (PETER, J., et al., 2007). Dessa forma, uma análise facial completa, com o auxílio de fotografias extra e intra-orais, sempre deve ser realizada. Além disso, é importante ressaltar que a face é mandatória na determinação do diagnóstico e plano de tratamento, portanto, a decisão final do tratamento sempre será clínica (FILHO, M.V., et al., 2002).

A análise cefalométrica representa um exame complementar de grande valia na ortodontia, fornecendo informações essenciais tanto para o planejamento ortodôntico, quanto para o acompanhamento do tratamento, auxiliando na aquisição de um diagnóstico completo e abrangente (JACOBSON, A., 1995).

REFERÊNCIA

  1. JACOBSON, A.; SADOWSKY, P. L. Superimposition of cephalometric radiographs. In: JACOBSON, A. Radiographic cephalometry: from basics to videoimaging. Chicago: Quintessence, 1995. cap. 10, p. 127-136.
  2. BAUMRIND, S; FRANTZ, R.C. The reliability of Head Film Measurements. Am J Orthod. v. 60, n. 5, pgs. 505-517, 1971.
  3. FILHO, M.V., et al. Análise Facial e sua Importância no Diagnóstico Ortodôntico. J Bras Ortodon Ortop Facial, v.7, n.39, p.218-225, 2002
  4. GANDINI, L.G., et al. Análise cefalométrica padrão Unesp Araraquara. Rev. Dent. Press Ortodon. Ortop. Facial. v. 10, n. 1. 2005
  5. PETER, J., et al. Cephalometry. Journal of Craniofacial Surgery, v. 18, n. 4, p. 811–817. 2007

TRATAMENTO ORTODÔNTICO PÓS CIRURGIA ORTOGNÁTICA

Programa de pós-graduação em Odontologia da PUC Minas (PPGO PUC Minas)

Júlia Esteves Costa (1)

Isabela de Castro Ribeiro (2)

Giulia Barcelos Rossi de Almeida Bastos Novais (2)

Diogo de Azevedo Miranda (3)

Flávio Ricardo Manzi (3)

Izabella Lucas de Abreu Lima (3)

(1) Aluna do curso de Mestrado Profissional em Ortodontia – PPGO PUC Minas

(2) Aluna do curso de Graduação em Odontologia – PUC Minas

(3) Docente do PPGO PUC Minas

A cirurgia ortognática é um procedimento cirúrgico que corrige as discrepâncias esqueléticas e faciais relacionadas aos posicionamentos indesejados dos ossos maxilares. Esse procedimento, em combinação com o tratamento ortodôntico, visa a correção de deformidades ósseas e de más oclusões dentárias. Normalmente a cirurgia ortognática é intermediária ao tratamento ortodôntico.

Inicialmente, o paciente deve ser submetido a fase preparatória para a cirurgia ortognática, denominada de ortodontia pré-cirúrgica, no qual a posição dos dentes é corrigida em função das bases ósseas ao eliminar compensações dentárias e o paciente é preparado para ser submetido à cirurgia ortognática.  Após a fase ortodôntica inicial, o cirurgião buco-maxilofacial deve conduzir o planejamento cirúrgico para reposicionamento das bases ósseas maxilares. Realizada a cirurgia ortognática, o paciente deve respeitar as orientações pós-operatórias e ser acompanhado pelo cirurgião buco-maxilofacial, que realizará o controle inicial do uso dos elásticos intermaxilares com determinação dos vetores de acordo com a má oclusão e avaliará a estabilidade pós-operatória. No período pós fixação imediata, o paciente passa por uma reabilitação, sendo instruído a realizar fisioterapia exercitando os músculos do sistema estomatognático dentro dos limites indolores, para que possa posteriormente retornar à abertura máxima bucal e às suas funções normais.

O tratamento ortodôntico pode ser retomado duas a três semanas após a cirurgia, essa etapa é denominada ortodôntica pós-cirúrgica. O momento para início dessa fase é determinado considerando o conforto do paciente, a diminuição do edema pós-operatório e a amplitude da abertura bucal. O principal objetivo da ortodontia pós-cirúrgica consiste em alcançar uma oclusão dentária e esquelética funcional ideais ao final do tratamento. Ao iniciar essa fase, o ortodontista verifica se a oclusão do paciente condiz com o planejamento, remove o fio cirúrgico, realiza a finalização e o refinamento da oclusão e solicita novos exames complementares, como a radiografia panorâmica, para avaliar se há um paralelismo radicular satisfatório. Nesse momento, caso o ortodontista e/ou o cirurgião julguem interessante, pode-se realizar uma superposição de traçados cefalométricos, com a intenção de se acompanhar a evolução do tratamento. O tempo designado à ortodontia pós-cirúrgica varia de acordo com a complexidade de cada caso, com o preparo durante a fase de ortodontia pré-cirúrgica e com a condução da cirurgia em si, podendo variar entre 6 a 12 meses.

De forma geral, a finalização ortodôntica pós-cirúrgica assemelha-se á finalização na ortodontia convencional. Essa fase consiste na busca pela coincidência entre relação cêntrica e máxima intercuspidação habitual, na realização de reposicionamento de acessórios conforme necessidade, no nivelamento, no uso de elásticos intermaxilares, na consolidação da obtenção da Classe I, no fechamento de diastemas, na intercuspidação, na aquisição de guias funcionais ideais, na remoção do aparelho e na estabilização dos resultados obtidos no tratamento com contenções.

Na fase de contenção, pode-se utilizar uma contenção removível superior do tipo Hawley ou uma contenção estética ortodôntica, como a placa prensada. Na arcada inferior é comum o uso da contenção fixa 3×3 e/ou contenção estética ortodôntica ou um spring removível. Tanto o tipo/design do aparelho de contenção, quanto o protocolo de uso e consultas de acompanhamento, podem variar conforme necessidade do paciente e preferências do ortodontista.

O planejamento e o tratamento orto-cirúrgicos devem ser realizados individualmente, considerando as peculiaridades de cada caso. Seu sucesso depende, além da competência e experiência dos profissionais envolvidos, da interação multidisciplinar entre eles. Além disso, um tratamento orto-cirúrgico de excelência promove um benefício funcional e estético ao paciente, o que está diretamente relacionado à melhora na sua qualidade de vida.

Veja também o nosso post:

“PREPARO ORTODÔNTICO PARA CIRURGIA ORTOGNÁTICA“. Link: https://blogodontologiapucminas.wordpress.com/2022/11/03/preparo-ortodontico-para-cirurgia-ortognatica/

“SUPERPOSIÇÃO DE TRAÇADOS CEFALOMÉTRICOS“. Link:

REFERÊNCIAS:

  1. ARAUJO, A. M.; ARAUJO, M. M.; ARAUJO, A. Cirurgia Ortognática: soluçäo ou complicaçäo? um guia para o tratamento ortodôntico-cirurgico. Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Maxilar, p. 105-22, 2000.
  • DE ALENCAR LEMOS, A. C. et al. Cirurgia ortognática: revisão de literatura Orthognatic surgery: literature review. Brazilian Journal of Health Review, v. 4, n. 3, p. 12900-12910, 2021.
  • GRUBB, J.; EVANS, C. Orthodontic management of dentofacial skeletal deformities. Clinics in Plastic Surgery, v. 34, n. 3, p. 403-415, 2007.
  • JACOBS, J. D.; SINCLAIR, P. M. Principles of orthodontic mechanics in orthognathic surgery cases. American Journal of Orthodontics, v. 84, n. 5, p. 399-407, 1983.
  • LIN, HH.; LONIC, D.; LO, LJ. 3D printing in orthognathic surgery− A literature review. Journal of the Formosan Medical Association, v. 117, n. 7, p. 547-558, 2018.
  • MAHMOOD, H. T. et al. Concepts, protocol, variations and current trends in surgery first orthognathic approach: a literature review. Dental Press Journal of Orthodontics, v. 23, p. 36. e1-36. e6, 2018.
  • MEDEIROS, P. J.; MEDEIROS, P. P. Cirurgia ortognática para o ortodontista. In: Cirurgia Ortognática para o Ortodontista. 2004. p. 330-330.
  • SANT’ANA, E.; JANSON, M. Ortodontia e cirurgia ortognática-do planejamento à finalização. Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Maxilar, p. 119-129, 2003.

PREPARO ORTODÔNTICO PARA CIRURGIA ORTOGNÁTICA

Programa de pós-graduação em Odontologia da PUC Minas (PPGO PUC Minas)

Ana Luiza Cabral de Ávila Andrade (1)

Isabela de Castro Ribeiro (2)

Giulia Barcelos Rossi de Almeida Bastos Novais (2)

Diogo de Azevedo Miranda (3)

Flávio Ricardo Manzi (3)

Izabella Lucas de Abreu Lima (3)

(1) Aluna do curso de Mestrado Profissional em Ortodontia – PPGO PUC Minas

(2) Aluna do curso de Graduação em Odontologia – PUC Minas

(3) Docente do PPGO PUC Minas

A cirurgia ortognática é um procedimento cirúrgico que em combinação com o tratamento ortodôntico, visa a correção de deformidades maxilares e mandibulares e de más oclusões dentárias. O preparo ortodôntico é uma parte essencial para a realização da cirurgia ortognática, uma vez que é importante que os arcos dentários estejam devidamente alinhados antes da cirurgia, e que os dentes estejam bem-posicionados dentro de suas bases ósseas, tornando possível uma correção precisa das discrepâncias esqueléticas existentes.

A condução correta do preparo ortodôntico pré-cirúrgico parte de um planejamento minucioso e multidisciplinar, expondo e analisando a verdadeira discrepância esquelética, e definindo as alterações oclusais necessárias para que a oclusão após a cirurgia esteja o mais próximo possível do ideal. Sendo assim, os principais objetivos da fase preparatória para a cirurgia ortognática, denominada de ortodontia pré-cirúrgica, consistem em eliminar compensações dentárias, realizar o alinhamento e nivelamento dos dentes e coordenar os arcos. É importante salientar que a descompensação dentária é acompanhada de uma piora clínica, evidenciando o aspecto da discrepância esquelética do paciente.

A descompensação sagital envolve a correção do posicionamento dos incisivos superiores e inferiores dentro das respectivas bases ósseas. Para a correção do transversal, sugere-se uma expansão rápida da maxila cirurgicamente assistida ou convencional, seguida da correção cirúrgica da discrepância sagital e/ou vertical. Além disso, caso necessário, podem ser realizadas osteotomias segmentadas no momento da cirurgia ortognática, com a correção transversal, juntamente à retificação da discrepância sagital e/ou vertical. No plano vertical, a descompensação dos dentes anteriores depende dos seguintes fatores: efeito da inclinação dos dentes anteriores no lábio superior, distância interlabial e altura facial anterior inferior.

O tempo designado ao preparo ortodôntico pré-cirúrgico varia de acordo com a complexidade de cada caso. Essa fase se inicia na seleção e colagem do aparelho fixo, seguido do alinhamento e nivelamento dos dentes e posicionamento dos mesmos em suas respectivas bases ósseas. Feito isso, o cirurgião buco-maxilofacial deve conduzir o planejamento cirúrgico e obter um posicionamento adequado dos componentes esqueléticos.

No preparo e planejamento cirúrgico final, 2 semanas antes da cirurgia, o fio deve estar passivo, ser mais espesso, rígido e com ganchos (Figura 1) para facilitar a tração com elásticos intermaxilares realizada pelo cirurgião. Além disso, os bráquetes devem ter seus slots completamente preenchidos pelo fio. Após a cirurgia ortognática, inicia-se a fase da ortodontia pós-cirúrgica, em que o ortodontista realiza a finalização e o refinamento da oclusão. O tratamento ortodôntico e a cirurgia ortognática são importantes aliados no tratamento de discrepâncias esqueléticas faciais, sendo assim, a boa interação de uma equipe multidisciplinar, bem como um bom planejamento orto-cirúrgico, resultam em um prognóstico favorável ao paciente.

Figura 1: Fio cirúrgico com ganchos na fase do preparo e planejamento cirúrgico final.

Veja também o nosso post:

“TRATAMENTO ORTODÔNTICO PÓS CIRURGIA ORTOGNÁTICA“. Link:

REFERÊNCIAS

  1. ARAUJO, A. M.; ARAUJO, M. M.; ARAUJO, A. Cirurgia Ortognática: soluçäo ou complicaçäo? um guia para o tratamento ortodôntico-cirurgico. Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Maxilar, p. 105-22, 2000.
  • DE ALENCAR LEMOS, A. C. et al. Cirurgia ortognática: revisão de literatura Orthognatic surgery: literature review. Brazilian Journal of Health Review, v. 4, n. 3, p. 12900-12910, 2021.
  • GRUBB, J.; EVANS, C. Orthodontic management of dentofacial skeletal deformities. Clinics in Plastic Surgery, v. 34, n. 3, p. 403-415, 2007.
  • JACOBS, J. D.; SINCLAIR, P. M. Principles of orthodontic mechanics in orthognathic surgery cases. American Journal of Orthodontics, v. 84, n. 5, p. 399-407, 1983.
  • LIN, HH.; LONIC, D.; LO, LJ. 3D printing in orthognathic surgery− A literature review. Journal of the Formosan Medical Association, v. 117, n. 7, p. 547-558, 2018.
  • LIOU, E. JW. et al. Surgery-first accelerated orthognathic surgery: orthodontic guidelines and setup for model surgery. Journal of Oral and Maxillofacial Surgery, v. 69, n. 3, p. 771-780, 2011.
  • LUTHER, F.; MORRIS, D. O.; HART, C. Orthodontic preparation for orthognathic surgery: how long does it take and why? A retrospective study. British Journal of Oral and Maxillofacial Surgery, v. 41, n. 6, p. 401-406, 2003.
  • MEDEIROS, P. J.; MEDEIROS, P. P. Cirurgia ortognática para o ortodontista. In: Cirurgia Ortognática para o Ortodontista. 2004. p. 330-330.
  • PROFFIT, W. R.; JUNIOR, R. P. W.; SARVER, D. M. Tratamento contemporâneo de deformidades dentofaciais. Artmed, 2005.
  1. SABRI, R. The eight components of a balanced smile. Journal of Clinical Orthodontics, v. 39, n. 3, p. 155-67, 2005.
  1. SANT’ANA, E.; JANSON, M. Ortodontia e cirurgia ortognática-do planejamento à finalização. Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Maxilar, p. 119-129, 2003.

AS MÍDIAS SOCIAIS E O ORTODONTISTA

Programa de pós-graduação em Odontologia da PUC Minas (PPGO PUC Minas)

Amanda Rafaela Diniz (1)

Isabela de Castro Ribeiro (2)
Dauro Douglas Oliveira (3)

Soraya de Mattos Camargo Grossmann (3)

(1) Aluna do Curso de Mestrado Profissional em Odontologia, área de concentração: Ortodontia – PPGO PUC Minas

(2) Aluna de Graduação em Odontologia – PUC Minas

(3) Docente do PPGO PUC Minas

A Internet e suas possibilidades recriaram a interação universal e revolucionaram as relações e comunicações humanas. As mídias sociais (MS) podem ser compreendidas como canais de descentralização e veiculação de informações, objetivando a produção, divulgação e compartilhamento de conteúdo, que permitem a interação de seu público. As redes sociais (RS) integram as MS e significam uma conexão entre grupos de pessoas que tem como objetivo compartilhar informações em comum estando ligadas diretamente a relacionamento. A ascensão das MS faz com que elas exerçam um papel importante na sociedade contemporânea, consequentemente para a Odontologia e, também, para a Ortodontia.

Essas plataformas representam um recurso relevante para a troca de conhecimento sobre uma ampla variedade de aspectos da Ortodontia, tornando cada vez mais eminente, a necessidade de conscientização dos profissionais de saúde em acompanhar essa tendência. A presença do ortodontista nas MS e RS permite que o profissional forneça informações adequadas e educativas, dessa forma, pode transmitir maior credibilidade e profissionalismo entre seus seguidores.

Muitas pessoas recorrem a Internet para obter informações, avaliações dos profissionais e ler comentários de amigos, familiares e do público em geral, mesmo que recebam recomendações e referências profissionais confiáveis por outras fontes. Essas plataformas são amplamente utilizadas na busca de informações sobre os diversos aspectos clínicos envolvidos no tratamento ortodôntico, tais como tipos de aparelhos, suas vantagens e desvantagens, custos e duração de cada modalidade terapêutica. Cada vez mais conectados, as MS parecem desempenhar um papel ativo nas decisões dos pacientes frente as diferentes variáveis envolvidas na condução dos tratamentos ortodônticos.

Sendo assim, o compartilhamento de informações e conteúdo de qualidade, levando sempre em consideração o embasamento científico, pode influenciar positivamente futuros pacientes, propiciar uma relação de confiança, prepará-los para seus tratamentos, reduzir a ansiedade e contribuir para a cooperação durante o tratamento. Compreender fatores motivacionais, expectativas e experiências dos pacientes a fim de estabelecer comunicação adequada e relação de confiança, entre profissional e paciente, também é importante quando pretende-se alcançar novos pacientes, bem como na aceitação dos planos de tratamento propostos.

REFERÊNCIAS

AL-GUNAID, T.H.; ALJOHANI, A.A.; ALHAZMI, K.M.; IBRAHIM, A.M. Determining the impact of orthodontic patients’ characteristics on their usage and preferences of social media. J Taibah Univ Med Sci. Oct 16;16(1):16-21. 2020.

JORGENSEN, G. Social media basics for orthodontists. Am J Orthod Dentofacial Orthop. Apr;141(4):510-5. 2012.JORGENSEN G. Attracting orthodontic patients via the Internet: A 20-year evolution. Am J Orthod Dentofacial Orthop. Dec;148(6):939-42. 2015.

MEIRA, T.M.; PRESTES, J.; GASPARELLO, G.G.; ANTELO, O.M.; PITHON, M.M.; TANAKA, O.M. The effects of images posted to social media by orthodontists on public perception of professional credibility and willingness to become a client. Prog Orthod. Mar 8;22(1):7. 2021.

OLSON J.C.; SHROFF, B.; CARRICO, C.; BOYLE, J.; LINDAUER, S.J. Comparison of patient factors influencing the selection of an orthodontist, general dentist, or direct-to-consumer aligners. Am J Orthod Dentofacial Orthop. Apr;157(4):526-532.e2. 2020

Complications that can happen during orthodontic treatment with braces: what to do?


Graduate Program in Dentistry of PUC Minas (PPGO PUC MINAS)

Marina Araújo Leite Assis (1)
Carolina Morsani Mordente (2)
Lílian Dayse Fróes Tavares (3)
Mariana Silveira Souza (3)
Martinho Campolina Rebello Horta (4)
Dauro Douglas Oliveira (4)
Rodrigo Villamarim Soares (4)

(1) Master’s Program Student – PPGO PUC Minas

(2) Doctoral Program Student – PPGO PUC Minas

(3) Undergraduate Student in Dentistry – PUC Minas

(4) Instructor in the PPGO PUC Minas

Some complications can arise while you’re wearing braces, such as sensitive teeth, “canker sores” (which are actually traumatic ulcers), and bracket breakage. How to avoid them and what you can do to minimize their effects is the subject of this post.

Teeth may become sensitive or even painful after your braces have been put on. This sensitivity usually lasts from 3 days to 1 month. During this time, a soft food diet should be followed. However, talk to your orthodontist if the discomfort is too intense.

Tooth pain can also arise after rubber spacers have been inserted for the placement of orthodontic rings. This discomfort usually disappears in a few days. It’s important not to use dental floss where the spacers have been inserted, and avoid eating sticky foods, such as candy and chewing gum. If a spacer comes off, contact your orthodontist as a new one will probably have to be put in.

Minor injuries to the cheeks and lips may also appear during orthodontic treatment. These “canker sores” are actually ulcers caused by mechanical trauma to the oral mucosa while talking, chewing, and other mouth movements. They’re generally more frequent at the start of treatment and diminish over time. They usually get better within a few days and heal completely within a week. However, contact your orthodontist if they don’t get better. To reduce the discomfort, orthodontic wax (Figure 1) or even a piece of cotton can be used to protect the area. See the explanatory video on our YouTube channel (Video 1).

Figure 1: Orthodontic wax.

Video 1: Orthodontic wax.

Depending on the movement of the teeth during orthodontic treatment, the tip of the wire may come loose behind the appliance and hurt the lining of the cheek. Many times the patient can solve this problem by using a cotton swab and pushing the wire up against the last accessory. If that doesn’t solve the problem, then use orthodontic wax to cover it and, of course, contact your orthodontist.

Bad eating habits are the main causes of loose brackets, bands, and tubes (Figures 2 and 3). This usually isn’t a major problem unless it causes pain or discomfort. If the bracket remains attached to the orthodontic wire, it can be left in place. If the bracket comes off completely, then keep it and take it with you to your next appointment.

Figure 2: Loose bracket.

Figure 3: Loose band.

Remember: Contact your orthodontist if you have any questions at all!

Want to know more about orthodontic treatment with braces?

Download the free OrthoHelp app on Google Play from the link https://play.google.com/store/apps/details?id=br.com.orthohelp.app.orthohelp

Listen to and share the episode on “Oral hygiene guidelines for people undergoing treatment with braces” on our radio program “Mouth to Mouth: oral health in your daily life”:

Also check out our posts:

“I’m undergoing orthodontic treatment with braces. What should I be doing in terms of oral hygiene?”. Link: https://wp.me/sapx4q-09

“I’m undergoing orthodontic treatment with braces. What should I be doing when it comes to food?”. Link: https://wp.me/sapx4q-10

I’m undergoing orthodontic treatment with braces. What should I be careful with when it comes to food?


Graduate Program in Dentistry of PUC Minas (PPGO PUC Minas)

Marina Araújo Leite Assis (1)
Carolina Morsani Mordente (2)
Aline Pereira Bernardino (3)
Ana Clara Chaves de Araújo (3)
Martinho Campolina Rebello Horta (4)
Dauro Douglas Oliveira (4)
Rodrigo Villamarim Soares (4)

(1) Master’s Student – PPGO PUC Minas

(2) Doctoral Student in Dentistry – PPGO PUC Minas

(3) Undergraduate Student in Dentistry – PUC Minas

(4) Instructor in the PPGO PUC Minas


In order to get the best results from orthodontic treatment with braces as quickly and easily as possible, some important precautions need to be followed. One of them is paying attention to the food you eat.

The question “Can I eat everything?” is one of the first questions patients ask when they’re just getting started. And the answer is, “No, you can’t.” A patient being treated with braces has to be very careful because, in addition to the food building up on the teeth, the components that make up the braces are very delicate and may break or come off by eating the wrong kinds of food.

You should stay away from things such as popcorn, peanuts, and nuts in general because they’re hard and can fracture these components (such as brackets and tubes). Sticky foods, such as chewing gum and candy, should also be avoided for the same reason. And speaking of candy, you shouldn’t be eating stuff that has a lot of sugar on a regular basis anyway because it contributes to tooth decay. It’s important to remember that, in addition to having a lot of sugar, soft drinks are also acidic and promote the development of cavities. When it comes to eating fruits, such as apples, pears, and guavas, it’s recommended that you cut them into small pieces to prevent breaks or other types of damage to the braces.

The patient’s willingness to cooperate, which means being disciplined and committed, will make all the difference in the world when it comes to getting good results from wearing braces. If you still have any questions, talk to your orthodontist!

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Also check out our posts:

“I’m undergoing orthodontic treatment with braces. What should I be doing in terms of oral hygiene?”. Link: https://wp.me/sapx4q-09

“Complications that can happen during orthodontic treatment with braces: what to do?”. Link: https://wp.me/sapx4q-11